No mundo judaico-cristão a idéia de um Deus Masculino (seria mais correto dizer: Deus Masculinizado) nasce com a revelação da Thorah. O primeiro versículo da Bíblia Hebraica diz: BERESCHIT BARA ELOHIM (No princípio criou Deus).
A palavra Elohim (Deus) é do genero masculino plural. Masculino e não feminino. Nasce assim, toda uma mentalidade e uma maneira de nomear a Divindade. Elohim é um Deus Masculino, criador dos Céus e da Terra e formador da humanidade. Os outros nomes usados para a Divindade na Bíblia, também serão masculinos. Isto seguirá uma lógica cirúrgica, pois o Deus Masculino criará primeiro um homem e o favorecerá com uma parceira sexual: a mulher.
A história bíblica continua. Abraham (o patriarca Abraão) deixa sua cidade em Ur na Caldéia e busca um paraíso para a futura Tribo Hebraica. A Terra escolhida assusta a mentalidade constituída. Canaan orbita na cultura politeísta do fértil Tigre-Eufrates. Ali, deusas da terra compartilham seu leito com deuses do Céu. A Natureza exala seu perfume sedutor e os animais transcendem sua forma, revelando seu simbolismo iniciático. A Bíblia reconta a mitologia assirio-caldáica e a masculiniza. A harmonia dos contrários (yin-yang) é monopolarizada. O feminino desaparece dentro do masculino. O Patriarca Abraham ouve o chamado de seu Deus e funda uma religião centrada no homem, no Céu e no culto de um deus solitário. Fundamentando o sagrado masculino, um rito santificará o maior símbolo do poder dos homens: o pênis. O Rito da Circuncisão é uma aliança entre o macho e seu deus. As mulheres estão de fora, são profanas, não participam do ato religioso.
Entra em cena um segundo e importante personagem: Moisés. Educado no Egito dos Faraós, entre deuses e deusas que se misturam à vida quotidiana, Moisés aproveita a sólida teologia egípcia e reforma o antigo legado de Abraham. Ele é o homem que recebe a Lei das mãos do viril Deus de nome impronunciável: YHVH. O sacerdócio mosaico não abriga mulheres, não existem sacerdotisas. Todas as reminescências do paganismo assírio-egípcio são passadas numa peneira. Com Moisés o feminino sagrado deixa de existir. Judeus e cristãos não conhecem o poder sacerdotal da mulher. Definitivamente, Moisés coloca uma barba em Deus e leva para longe do Templo aqueles estranhos seres que sangram com a Lua: as mulheres!
Agora é a vez de um novo personagem: Yeschua Bar-Yoseph, mais conhecido como Jesus de Nazaré. Judeu por nascimento, grande conhecedor das escrituras sagradas de seu povo, ele não criou nenhuma religião. Jesus foi judeu até o fim de sua vida. Pregador carismático, poeta, andarilho, Jesus era seguido por homens e principalmente por mulheres. Os ensinamentos de Jesus, uma reinterpretação da Thorah a partir dos pobres de carne e de espírito, foi utilizado como instrumento de justificação para a tortura e a morte de milhares de mulheres. Com Abraham, Moisés e Jesus, estão formadas as bases teológicas do masculinismo sagrado. Um mundo onde o feminino apenas transparece.
Fora do mundo judaico-cristão, ideologicamente, uma brisa pareceu favorecer as mulheres. Contudo, o excessivo romantismo atrapalha bastante o discernimento dos modernos grupos pagãos e wiccanos. Uma rápida olhada na situação da mulher nas culturas nativas da América ou da áfrica, traça uma triste história de mutilações, raptos e escravidão familiar. Mas, não entraremos aqui em difíceis e insolucionáveis questões culturais. Houve um tempo, porém, em que a Divindade era adorada como mulher. Para o homem primitivo, pensar no divino como extensão de si mesmo era natural. A mãe, origem de tudo, parece o exemplo mais próximo e familiar.
Por volta de 70.000 AC, encontramos o Culto do Urso na Europa. Segundo paleoantropólogos, este foi o culto mais antigo no continente. Os primitivos olhavam o urso como um ancestral, um avô. Onde é hoje a cidade suiça de Berna (ber é urso em alemão), foram encontradas várias grutas datadas da idade atrás mencionada. Suportes, pedras-ara, ossadas humanas e ursídeas, indicavam a função sagrada daquele lugar.
O que mais chama a atenção é uma estranha evidência. Estamos predispostos a chamar esta primitiva e espontânea religião de "Culto do Urso". Mas, na verdade, assistimos ao nascimento do primeiro culto ao feminino: o "Culto da Ursa".
A Grande Ursa é o arquétipo da Deusa Mãe protetora, altiva, fecundadora e fértil. Sua aparência quase-humana, nos remete ao mistério da feminilidade. As deusas-animais sobreviventes beberam, direta ou indiretamente, do leite da Grande Ursa:
- Artio, Callisto, Rhpisunt: queridas deusas-ursa;
- Acca Laurentia, Spako, Rhea Silvia: temíveis deusas-loba;
- Epona, Hekate, Menalippe, Samjuna: incompreendidas deusas-égua.
Caminhando pelo universo maternal e divino, notamos que as mais antigas obras de Arte são imagens de mães. Encontradas entre as datas de 35.000 a 10.000 AC, da áfrica à Europa, elas forma batizadas de "Vênus": a Vênus de Willendorf, a Vênus do Nilo, etc. Na Antiga Grécia as primitivas divindades femininas são substituídas e resignificadas pelo patriarcalismo oriundo da ásia Menor. Exemplos disso são: Ariadne, a Toda-Poderosa Senhora Mãe da Ilha de Creta, transforma-se em personagem secundária da Mitologia; Hekate, Deusa Universal é jogada vergonhosamente no Submundo; as aladas e benéficas Sereias são encarceradas no mar e tornam-se sedutoras malignas de homens. Os Cultos Agrários da Velha Roma também mudados. O Sacerdócio Feminino dos Sabeus, perde para o ícone do machismo religioso do Ocidente: o sacerdote estatal Romano. Estes personagens deixarão herdeiros seculares: os padres católicos. Roma dará um golpe quase fatal no coração feminino. Ela transfere o sacerdócio da mulher no Templo para o pé da lareira, em casa.
É importante que o Movimento Neo-Pagão saiba o que quer. Queremos uma volta às antigas tradições, mas mesmo entre os pagãos existiam (e existem) machistas. Antes de Roma e Grécia, o Egito deu o exemplo. Os Cultos e as divindades Lunares são trocados pelos Solares. Os deuses diurnos ofuscam os noturnos, os deuses luminosos apagam os sombrios. Sombra e escuridão passam a ser sinônimos de maldade e perigo. Na índia pré-Védica, os invasores indo-europeus submetem os povos druídas e o sacerdócio centrado na Terra Mãe. Mais uma vez a ocorre a injusta substituição. Kali, Naga, e outras Deusas telúricas viram acompanhantes de deuses dominadores.
A palavra Elohim (Deus) é do genero masculino plural. Masculino e não feminino. Nasce assim, toda uma mentalidade e uma maneira de nomear a Divindade. Elohim é um Deus Masculino, criador dos Céus e da Terra e formador da humanidade. Os outros nomes usados para a Divindade na Bíblia, também serão masculinos. Isto seguirá uma lógica cirúrgica, pois o Deus Masculino criará primeiro um homem e o favorecerá com uma parceira sexual: a mulher.
A história bíblica continua. Abraham (o patriarca Abraão) deixa sua cidade em Ur na Caldéia e busca um paraíso para a futura Tribo Hebraica. A Terra escolhida assusta a mentalidade constituída. Canaan orbita na cultura politeísta do fértil Tigre-Eufrates. Ali, deusas da terra compartilham seu leito com deuses do Céu. A Natureza exala seu perfume sedutor e os animais transcendem sua forma, revelando seu simbolismo iniciático. A Bíblia reconta a mitologia assirio-caldáica e a masculiniza. A harmonia dos contrários (yin-yang) é monopolarizada. O feminino desaparece dentro do masculino. O Patriarca Abraham ouve o chamado de seu Deus e funda uma religião centrada no homem, no Céu e no culto de um deus solitário. Fundamentando o sagrado masculino, um rito santificará o maior símbolo do poder dos homens: o pênis. O Rito da Circuncisão é uma aliança entre o macho e seu deus. As mulheres estão de fora, são profanas, não participam do ato religioso.
Entra em cena um segundo e importante personagem: Moisés. Educado no Egito dos Faraós, entre deuses e deusas que se misturam à vida quotidiana, Moisés aproveita a sólida teologia egípcia e reforma o antigo legado de Abraham. Ele é o homem que recebe a Lei das mãos do viril Deus de nome impronunciável: YHVH. O sacerdócio mosaico não abriga mulheres, não existem sacerdotisas. Todas as reminescências do paganismo assírio-egípcio são passadas numa peneira. Com Moisés o feminino sagrado deixa de existir. Judeus e cristãos não conhecem o poder sacerdotal da mulher. Definitivamente, Moisés coloca uma barba em Deus e leva para longe do Templo aqueles estranhos seres que sangram com a Lua: as mulheres!
Agora é a vez de um novo personagem: Yeschua Bar-Yoseph, mais conhecido como Jesus de Nazaré. Judeu por nascimento, grande conhecedor das escrituras sagradas de seu povo, ele não criou nenhuma religião. Jesus foi judeu até o fim de sua vida. Pregador carismático, poeta, andarilho, Jesus era seguido por homens e principalmente por mulheres. Os ensinamentos de Jesus, uma reinterpretação da Thorah a partir dos pobres de carne e de espírito, foi utilizado como instrumento de justificação para a tortura e a morte de milhares de mulheres. Com Abraham, Moisés e Jesus, estão formadas as bases teológicas do masculinismo sagrado. Um mundo onde o feminino apenas transparece.
Fora do mundo judaico-cristão, ideologicamente, uma brisa pareceu favorecer as mulheres. Contudo, o excessivo romantismo atrapalha bastante o discernimento dos modernos grupos pagãos e wiccanos. Uma rápida olhada na situação da mulher nas culturas nativas da América ou da áfrica, traça uma triste história de mutilações, raptos e escravidão familiar. Mas, não entraremos aqui em difíceis e insolucionáveis questões culturais. Houve um tempo, porém, em que a Divindade era adorada como mulher. Para o homem primitivo, pensar no divino como extensão de si mesmo era natural. A mãe, origem de tudo, parece o exemplo mais próximo e familiar.
Por volta de 70.000 AC, encontramos o Culto do Urso na Europa. Segundo paleoantropólogos, este foi o culto mais antigo no continente. Os primitivos olhavam o urso como um ancestral, um avô. Onde é hoje a cidade suiça de Berna (ber é urso em alemão), foram encontradas várias grutas datadas da idade atrás mencionada. Suportes, pedras-ara, ossadas humanas e ursídeas, indicavam a função sagrada daquele lugar.
O que mais chama a atenção é uma estranha evidência. Estamos predispostos a chamar esta primitiva e espontânea religião de "Culto do Urso". Mas, na verdade, assistimos ao nascimento do primeiro culto ao feminino: o "Culto da Ursa".
A Grande Ursa é o arquétipo da Deusa Mãe protetora, altiva, fecundadora e fértil. Sua aparência quase-humana, nos remete ao mistério da feminilidade. As deusas-animais sobreviventes beberam, direta ou indiretamente, do leite da Grande Ursa:
- Artio, Callisto, Rhpisunt: queridas deusas-ursa;
- Acca Laurentia, Spako, Rhea Silvia: temíveis deusas-loba;
- Epona, Hekate, Menalippe, Samjuna: incompreendidas deusas-égua.
Caminhando pelo universo maternal e divino, notamos que as mais antigas obras de Arte são imagens de mães. Encontradas entre as datas de 35.000 a 10.000 AC, da áfrica à Europa, elas forma batizadas de "Vênus": a Vênus de Willendorf, a Vênus do Nilo, etc. Na Antiga Grécia as primitivas divindades femininas são substituídas e resignificadas pelo patriarcalismo oriundo da ásia Menor. Exemplos disso são: Ariadne, a Toda-Poderosa Senhora Mãe da Ilha de Creta, transforma-se em personagem secundária da Mitologia; Hekate, Deusa Universal é jogada vergonhosamente no Submundo; as aladas e benéficas Sereias são encarceradas no mar e tornam-se sedutoras malignas de homens. Os Cultos Agrários da Velha Roma também mudados. O Sacerdócio Feminino dos Sabeus, perde para o ícone do machismo religioso do Ocidente: o sacerdote estatal Romano. Estes personagens deixarão herdeiros seculares: os padres católicos. Roma dará um golpe quase fatal no coração feminino. Ela transfere o sacerdócio da mulher no Templo para o pé da lareira, em casa.
É importante que o Movimento Neo-Pagão saiba o que quer. Queremos uma volta às antigas tradições, mas mesmo entre os pagãos existiam (e existem) machistas. Antes de Roma e Grécia, o Egito deu o exemplo. Os Cultos e as divindades Lunares são trocados pelos Solares. Os deuses diurnos ofuscam os noturnos, os deuses luminosos apagam os sombrios. Sombra e escuridão passam a ser sinônimos de maldade e perigo. Na índia pré-Védica, os invasores indo-europeus submetem os povos druídas e o sacerdócio centrado na Terra Mãe. Mais uma vez a ocorre a injusta substituição. Kali, Naga, e outras Deusas telúricas viram acompanhantes de deuses dominadores.
0 comentários:
Postar um comentário