DIFERENÇAS ENTRE BRUXARIA TRADICIONAL E WICCA

Em geral, bruxos tradicionais tendem a desprezar a Wicca e,conseqüentemente, são um tanto agressivos ao falar da bruxaria moderna, conforme estabelecida por Gardner, em 1949.
Este artigo de Robin Artisson segue essa tendência e, portanto, pode ofender alguns wiccanos que forem lê-lo. Porém, deixando de lado algumas das agressões do autor,é possível se aproveitar muito do texto, que explica com maestria quais são as diferenças básicas entre a Bruxaria Tradicional e a Wicca...


 
HISTÓRIA


A Bruxaria Neopagã, ou "Wicca", teve o seu início nos anos 40 e 50 com os escritos de Gerald B. Gardner. Apesar de afirmar que era membro de um coven "tradicional" que ele encontrou no sul da Inglaterra, faltam evidências da veracidade desta história. E se o "coven" que ele menciona era autêntico, então pela sua própria descrição eles parecem ter sido um grupo eclético de maçons, hermetistas, rosacruzes e ocultistas, não verdadeiras bruxas "tradicionais". Os seus próprios registros das atividades e crenças/práticas do grupo testemunham isso. Não há dúvidas de que esta organização tinha tendências e ambições de "reviver" a Antiga Arte, mas isto os coloca na categoria de "pagãos reconstrucionistas" e não de "Bruxas Tradicionais".

Wicca, no seu credo moderno e na sua estrutura ritual, lembra muito fortemente uma versão descristianizada da Ordem da Aurora Dourada (Golden Dawn), com muitas adições thelêmicas e teosóficas, assim como materiais obviamente emprestados de Aleister Crowley e da OTO. Todas essas fontes, e as personalidades envolvidas, floresceram na revivificação do ocultismo da primeira metade do século vinte e é do meio do século vinte que a Wicca data. A Wicca reivindica "descender espiritualmente" das antigas religiões pagãs, mas o fato é o de que a sua estrutura ritual e a sua teologia não sustentam quase nenhuma semelhança com nenhuma cultura nativa pagã autêntica da Europa.


A Bruxaria Tradicional, por outro lado, refere-se às crenças e práticas de famílias e organizações secretas da Arte que antecedem o século vinte. Normalmente, apesar de a doutrina e as práticas da Bruxaria Tradicional terem raízes em tempos muito antigos, o tempo mais longínquo que a maior parte das organizações tradicionais podem se datar com alguma exatidão é o século 17. Entretanto, o folclore e a história do século 11 em diante testemunham práticas similares àquelas transmitidas hoje pelas bruxas tradicionais.



FORMALIDADE

A Wicca tem uma estrutura muito formal, baseada no modelo de "três graus" de iniciação, um empréstimo óbvio da Maçonaria. A religião wiccana é muito hierárquica, com deslumbrantes títulos de "Alto Sacerdote, Alta Sacerdotisa" e semelhantes e é normalmente orientado para o lado Feminino. Há apenas duas
"tradições" reais de Wicca... A Gardneriana (a original) e a Alexandrina... Mas desde a explosão do interesse pelo oculto nos dois lados do Atlântico, muitas tradições "ecléticas" surgiram, representando quase todo tipo de distorção cultural e metafísica que você pode imaginar (Wicca Celta, Faery Wicca, Wicca Saxônia, Wicca Diânica etc. etc.)

Na Bruxaria Tradicional, normalmente, não há uma "estrutura" de grupo claramente definida. Se há, é apenas limitada a uma região, e normalmente não é rígida como a Wicca. Título não são tão utilizados, e quando o são, eles ainda são informais, se comparados à ênfase da Wicca em títulos. Os grupos tradicionais da Arte podem ter uma liderança, mas esta pode tanto ser masculina quanto feminina, e o seu poder como "cabeça" de um grupo não é o poder exercido pela "Alta Sacerdotisa" e pelo "Alto Sacerdote" da Wicca. Conhecimento, experiência e a disposição de servir são fatores decisivos para a maior parte dos líderes de grupos tradicionais e não a egolatria, a coleção de títulos e a fome de poder.

Os rituais e ritos da Wicca também tendem a ser muito formais e escritos previamente à mão... enquanto que na Bruxaria Tradicional, a maioria dos rituais são espontâneos e muito menos estruturados do que na Wicca. Há formas rituais, é claro, algumas formas até muito antigas, mas elas são muito parciais, muito abertas e simples. O "nível interno" do ritual tem mais ênfase do que o externo no trabalho tradicional. A idéia é a de que não é como você faz algo, mas sim, porque você o faz.

Na Bruxaria Tradicional, o progresso de uma pessoa é MUITO mais lento do que na Wicca, na qual uma pessoa pode ser "um Alto Sacerdote de terceiro grau" no espaço que varia de alguns poucos meses a um ano ou dois, ou mesmo mais rápido se ele tem em mãos um livro publicado pela Lewellyn, que produz "bruxas instantâneas". Viver a vida, aprendizado e experiência são cruciais para um "progresso" genuíno e "iniciações" de verdade são geralmente experiências que acontecem a um nível pessoal, dadas por poderes do outro mundo, através do tempo. A Bruxaria Tradicional aceita isso.



TEOLOGIA NEW AGE

A Wicca tem muitos conceitos "new age" no seu cânon que simplesmente não encontram lugar no contexto histórico ou cultural da Antiga Bruxaria Européia. Alguns destes conceitos estão listado abaixo:
KARMA:
este conceito hindu/buddhista foi levado para a Wicca por Gardner, provavelmente de uma fonte teosófica. Na Bruxaria Tradicional, "Destino" é um conceito importante... mas "karma" nem é citado. Não há a crença na Arte Tradicional de "débitos kármicos" ou de "karma carrega pela pessoa" devido às suas ações. A verdadeira crença da Arte Tradicional a respeito desses assuntos eram e são muito diferentes dos conceitos orientais de "karma."

 
A LEI TRÍPLICE:
Esta estranha noção não tem base na história ou na realidade. Enquanto que muitos povos em muitas épocas e lugares têm ameaçado poeticamente as pessoas com a idéia de que as suas ações retornarão a elas "multiplicadas muitas vezes", a Wicca aceita isso como uma lei física e imutável. A verdade é que enquanto muitos wiccans abriram mão da crença no "fogo do inferno e danação eterna" como uma barreira para as suas ações negativas, eles a substituíram para "lei tríplice", que ameaça com uma retribuição tripla pela negatividade dos outros. Não existe nenhum traço de uma crença como essa na Bruxaria Tradicional ou em algum sistema de crenças nativo-europeu sobrevivente.

DUOTEÍSMO
A crença wiccan determina que há apenas dois seres divinos, um "deus" e uma "deusa". Os diferentes deuses e deusas cultuados pelos nossos ancestrais europeus, ou por qualquer pessoa na Terra, são considerados como "aspectos" ou "manifestações" destes dois seres. Assim, "Todos os Deuses são um Deus e todas as Deusas são uma Deusa." Este reducionismo divino é chamado de "duoteísmo" e não tem precedentes nem na antiga Europa, nem nas crenças das bruxas tradicionais. É, de fato, uma crença moderna. Além do mais, muitos wiccanos acreditam que este "Deus" e esta "Deusa" são eles mesmo aspectos de uma unidade divina incogniscível, ou um incrível ser chamado às vezes de "O Uno"... nos levando direto a uma versão new-age do Monoteísmo, muito bem adaptado a facilitar as consciências dos usualmente ex-cristãos convertidos à Wicca.

Nossos ancestrais europeus eram politeístas. Eles acreditavam em muitos Deuses ou em Deuses locais. Isto é verdade para muitas Bruxas Tradicionais. Há algumas crenças agora (assim como nos tempos antigos) de algumas divindades sendo "maiores" do que outras... quase ao ponto filosófico de transcendência e poder universal. Isto às vezes aparece também na Bruxaria Tradicional, mas na forma de mistérios e não na devoção diárias ou no monoteísmo new-age.



LIVRO DE SOMBRAS:

 Nos Antigos Dias, entre os praticantes tradicionais da Arte Secreta, ter evidências escritas do que você fazia era uma sentença de morte se você fosse pego. Além disso, a maior parte das pessoas antigamente eram completamente iletradas. A Antiga Arte era principalmente passada adiante oralmente e, se fosse escrita, isso teria que ser feito de forma econômica.



ÉTICA

A religião Wicca tem uma "Rede" ou "regra de ouro" que forma a base da ética wiccana... ela dita o seguinte: "faça o que quiser, desde que não prejudique a nada nem ninguém." Esta é uma boa sugestão e é basicamente uma reformulação da "regra de ouro" judaico-cristã. Entretanto, a Arte Tradicional não tem tal regra. A ética na Antiga Arte é completamente ambígua e regida pelas circunstâncias.

Os wiccanos tratam esta "Rede" como se fosse uma lei cósmica imutável, quando na realidade, "Rede" é uma palavra anglo-saxã para "conselho", e não para "lei". Mas para a religião wiccana é um dogma irremovível.

Este assunto todo acaba sendo uma outra negação wiccan das trevas inerentes à natureza, ... Danos e feridas, tudo isso existe na natureza... e nós, humanos, somos partes dela. Assim, danos e feridas fazem parte de nós. Nós matamos plantas e animais para comê-los. Matamos as bactérias da água para bebê-la. Vida alimenta a vida. A Bruxaria Tradicional é bastante orientada para a família e para a Fé. Se alguém ameaçar a família ou a Fé, então parar aquele que está causando a ameaça é a prioridade. Se isso significar prejudicar alguém, é o que as bruxas tradicionais farão e não nenhuma imposição ética contra isso. A Arte, e o poder que ela invoca, não é "boa" ou "má"... é ambas as coisas. Há um tempo e um espaço para cada uma das qualidades. Isso é difícil para new-agers entenderem, mas é simplesmente como as coisas são. Negar qualquer lado seu, ou da natureza, é afastar-se do mistério central: o da totalidade.

 
FESTIVAIS

O calendário wiccano é divido em oito sabás (festivais)... os quatro festivais celtas, os dois solstícios e os dois equinócios.

Entretanto, esta é uma invenção moderna. Os celtas, por exemplo, não observavam os solstícios e os equinócios nos tempos pré-cristãos. Há evidências que sugerem que os bretões nativos (que precederam em muito os celtas na vinda para as Ilhas Britânicas) o faziam, mas os antigos celtas não tinham um calendário óctuplo. Eles não tinham nem ao menos quatro estações... apenas um verão e um inverno. Gerald Gardner, novamente, influenciado por outros ocultistas, em especial, neste caso, pelos druidas "revivalistas" românticos da Inglaterra, que trouxe este conceito inventado de "oito sabás" para a Wicca.

Na Bruxaria Tradicional, os Dias Sagrados celebrados são diferentes de região para região, de Tradição para Tradição e de pessoa para pessoa. Uma tradição agrícola irá seguir os fluxos de plantação e colheita e celebrar festivais de colheita, enquanto que outra tradição poderá celebrar os fluxos solares. Atente para isso, os dias sagrados são sempre regulados pelos fluxos da natureza e são diferentes dependendo de para onde você for. As quatro datas dos antigos celtas (Samhaim, Beltane etc.) podem ser ainda seguidos em alguns lugares, mas, se eles forem, os solstícios e os equinócios tendem a não ser.

É neste tópico que o assunto "seriedade e autenticidade" torna-se mais tenso. É muito comum em círculos wiccanos se ouvir invocações de "Pan, Thor, Lillith e Freya" ou de qualquer outro conjunto de deuses e deusas que o coven se sinta à vontade para invocar. Com nenhum respeito à cultura ou herança familiar e com nenhuma autenticidade ou contexto histórico, a crença wiccana de que os deuses e as deusas são todos "um só" faz com que os wiccan achem que eles tem o direito de alegremente chamar qualquer combinação de deuses que eles queiram. Esta é um postura imperdoavelmente new-age e mostra uma total falta de seriedade e contexto cultural.

Algumas tradições da Wicca tentam unir-se a apenas uma cultura de deuses e um conceito religioso. Este é passo admirável rumo à realidade. Mas a maioria das tradições não o faz.

Na Bruxaria Tradicional, especialmente nas Ilhas Britânicas, a cultura dos povos da terra, e dos povos de algumas gerações atrás, determinam o contexto cultural da tradição. Isso porque a Bruxaria Tradicional é parte da terra, do seu povo e da sua história. Sendo uma invenção moderna e uma mescla de idéias ocultas orientais e ocidentais, falta à Wicca tal base. Muitas tradições da Bruxaria Tradicional das Ilhas Britânicas têm um sentimento Anglo-Saxão ou Germânico/Nórdico e, por trás disso, uma memória familiar da cultura celta. Tradições escocesas e irlandesas tem a ser (obviamente) estritamente célticas.



BONDADE E LUZ

A Wicca, como uma realidade dos dias modernos, com o seu estilo moderno e seguidores quase sempre urbanos, perdeu muito da sua conexão com a Natureza e com a Terra. Wicca aparece como uma religião de "sinta-se bem" e "bondade e luz", normalmente venerando a sua Deusa da Natureza como uma figura maternal e muito amável e imaginando o mundo invisível como um lugar de poder positivo e repleto de espíritos prontamente dispostos a nos auxiliar. Esta visão completamente desbalanceada, com a sua fixação em como são "maravilhosos" e "lindos" a Natureza e os outros mundos, NÃO é absolutamente como os nossos ancestrais viam os deuses e o universos e NÃO é como as bruxas tradicionais vêem as coisas.

A Natureza é tanto benévola quanto cruel, dando e tirando. Há uma escuridão inerente à Natureza, assim como no mundo natural, na natureza pessoal dos espíritos e dos deuses e também dos seres humanos. Espíritos destrutivos e danosos são fatos da vida, tanto nos tempos antigos quanto agora, e o fato de que a "deusa" está tão propensa a devorar os seus filhos quanto a gerá-los, é também óbvio.

A Wicca tende a ignorar estas trevas, preferindo a visão de "a bondade e a luz." Isto faz sentido, psicologicamente, para cidadãos modernos dos centros urbanos que nunca vivenciaram as dificuldades de se viver realmente próximos à Natureza.



"INSTRUMENTOS" DE TRABALHO

É absolutamente adequado para um sistema mágico baseado na Golden Dawn como o que a Wicca sustenta, que os "instrumentos" usados pelos wiccans sejam a Taça, o Pentáculo, a Faca e o Bastão, representando os quatro elementos herméticos. O "círculo mágico" traçado é baseado nos círculos mágicos de conhecidos grimórios de Alta Magia, tais como As Clavículas de Salomão, também extensivamente usado pela Golden Dawn. As "invocações dos quadrantes" são baseadas na magia enochiana de John Dee, também ressuscitadas e usadas pela Golden Dawn.

Bruxas tradicionais tendem a não usar conjuntos formais de instrumentos, apesar de terem certos implementos, dependendo da tradição. O sistema de quatro elementos NÃO é comum, apesar de poder haver traços disso em alguns tradicionalistas influenciados pelo pensamento oriental ou hermético.

Geralmente, os instrumentos usados pelas bruxas tradicionais não lembram os "intrumentos de trabalho" da Wicca. Eles tendem a ser coisas como vassouras, caldeirões, cordas, crânios (humanos ou de animais), martelos, espelhos, pedras, chifres, conchas... algumas tradições também usam facas, mas sem nenhum simbolismo new-age. Algumas tradições também não usam qualquer tipo de instrumentos!

Os círculos não são traçados e usados largamente, pelo menos, não tão largamente quanto na Wicca... O termo tradicional para traçar o círculo é "girar o compasso" e freqüentemente há certos lugares da natureza que são suficientes para o trabalho mágico, sem a necessidade de traçar um "círculo". Quando círculos precisam ser traçados, eles são feitos através de cerimônias tradicionais, que não guardam quase nenhuma semelhança com os métodos da Wicca.

Os espíritos da Terra são invocados para sustentar o círculo e o fogo ritual é aceso... estes são os "elementos" necessários nos trabalhos mais tradicionais. Algumas vezes os espíritos dos quatro reinos ou "direções" são chamados, mas isso varia de lugar para lugar.

A idéia é a de que a Terra já é sagrada... você não precisa "consagrá-la." Você apenas a habita.

O TERMO "BRUXA"

Alguns wiccanos sensacionalistas nunca se cansam de chamar a si mesmo de "bruxos(as)", para o horror do público e o deleite da imprensa. Outros wiccanos acham que "bruxo(a)" é uma palavra pesada e dizem apenas "wiccano."

Não importa da onde você acredita que a raiz da palavra "bruxa" vem ou o que ela um dia significou, a igreja cristã, entre outras, manchou a palavra e a corrompeu para um termo de perversidade satânica. Muitas bruxas tradicionais não usam a palavra "bruxa", preferindo chamar a si mesmas como "O Povo" ou então não tem nenhum nome especial com o qual se auto-denominar. Elas às vezes se dizem "da arte", "Pellars" ou usam algum outro termo, mas "bruxa" era e é uma palavra muito feita, destinada a ser um insulto e em tempos passados uma acusação criminal séria.

Nos dias modernos, alguns tradicionalistas começaram a usar a palavra "bruxa" para auxiliar a comunicação entre eles e o mundo new-age, para "falar a língua dos dias modernos." Mas se a palavra "bruxa" for usada é por uma escolha pessoal ou de um grupo.



O ALÉM-VIDA

A Wicca acredita firmemente no modelo oriental Hindu/Buddhita de "reencarnação" e de evolução espiritual. Obviamente, este é mais empréstimo teosófico trazido por Gardner ou outros escritores wiccans.

Na Bruxaria Tradicional, há alguma noção de que a alma ou espírito possa entrar em outra fase de existência após a morte e isto geralmente anuncia um retorno ao poder da terra, para viver com os ancestrais e tornar-se um espírito guardião ou talvez anuncie um retorno de fazer parte da dimensão espiritual da Natureza. Deste estado, um renascimento na sua família ou clã pode ser possível, mas é misterioso. Há uma noção bem definida, apesar de naturalista, de uma existência espiritual de todas as coisas, incluindo os seres humanos. O tempo se move em círculos e da mesma forma obviamente faz o poder da natureza e assim a vida e a morte são mistérios confundidos com este fluxo.

Como a natureza é viva, assim como nós, existe a imortalidade. Os espíritos da terra são também os espíritos dos mortos e então a Natureza é venerada em muitos níveis.

Através da aplicação de alguns ritos da Antiga Arte, uma alma pode atingir um nível mais elevado de existência e viver entre a "Companhia Oculta" após a sua morte, mas isto é também um mistério melhor conhecido pelas tradições que ensinam isso.

BY Janela da Alma....

PROCURA-SE UM COVEN



São muitas as pessoas que procuram os praticantes de Wicca crendo que, em nossa religião, como nas religiões patrifocais, basta unir-se a um grupo para imediatamente se tornar um "crente" ou um "seguidor". Essas pessoas assim procedem porque não sabem que nossa religião, muito ao contrário das religiões de massa, não quer rebanhos de simplórios seguidores. Não temos pastores, e não aceitamos alguém que se coloque em posição de ovelha. O próprio conceito de "mais um do rebanho" é a aniquilação do que é a essência da bruxaria: só existe brux@ quando existe, em plena liberdade de escolha, uma relação direta e sem intermediários entre o praticante da Arte e os Deuses Antigos.
 
Mas mesmo entre as pessoas que já sabem que a bruxaria tradicionalmente se pratica em pequenos grupos de, no máximo 13 pessoas, os Covens, permanece a ânsia legítima de encontrar o seu Coven. Nessa ânsia, muitas pessoas acabam vítimas de gente esperta, exploradora ou simplesmente ignorante, que acham que um Coven se forma da noite para o dia ou em um simples ajuntamento de gente. Sei bem como é, o primeiro grupo que frequentei na bruxaria foi formado por pessoas que nunca haviam se visto antes e foram "sorteadas". Muito longa foi minha caminhada até compreender que não é o acaso que forma um coven, mas sim muito amor, convivência, intimidade e árduo trabalho.

Para não mais cair em armadilhas, compreenda bem o que é um Coven. Um Coven é um grupo de até 13 brux@s que une suas vidas, suas essências, seus anseios e seu sacerdócio, em perfeito amor, perfeita confiança, de modo a que, perante os Deuses, é como se de uma só pessoa se tratasse. Por essa definição creio que já é fácil entender que não se forma um coven por sorteio, nem por listinhas passadas em rituais públicos. Tampouco aquele grupinho da escola em que cada um pertence ao signo de um elemento, ou aquelas muitas dezenas de alunas de uma famosa escolinha de "bruxaria natural" forma um coven.

Na ausência de covens suficientes de pessoas formadas dentro de tradições, como é possível se chegar a uma prática em grupo?

A sequência natural de eventos para que haja um Coven é a formação de um grupo de estudos, onde os participantes, além de debaterem idéias a respeito da Wicca e sua futura posição nela como Sacerdotes e Sacerdotisas, marquem atividades sociais e comecem a se conhecer melhor. Conviver alguns meses somente trocando idéias é o que a prudência recomenda antes que essas pessoas decidam praticar juntas.

Se o grupo se conhecer o suficiente para saber que há empatias entre todos, se pode pensar em começar a praticar em conjunto. Isso se faz pela forma conhecida como Círculo. Um Círculo é um grupo com laços bem menos fortes que um Coven, e pode ser constituído por mais do que 13 pessoas. Começando a celebrar em conjunto, e vivendo a energia da Deusa Triplice e Seu Consorte em comunhão, esse Círculo logo sentirá o estreitamento de seus laços.

Uma coisa, porém, se deve alertar: é muito comum que nessas fases de Grupo de Estudos e Círculo várias pessoas apenas passem pelo grupo, e logo se afastem. Nunca desanimem ao passar por essas dificuldades. A Wicca é aberta a todos, mas nem todos são para a Wicca. Algumas pessoas necessitarão dessas experiências justamente para perceberem que não têm real vocação sacerdotal ou que a bruxaria não é o anseio de suas almas.

No início, a prática em Círculo costuma ser prazeirosa e a convivência fácil. É uma bela viagem começar a compreender que unindo suas energias as pessoas conseguem mais facilmente se conectar com os Deuses, os elementos e o fluir da magia começa a ser reconhecido.

Quando o Círculo já tiver alguns meses de convivência vão começar a surgir as dificuldades e disputas internas. Questões sobre liderança,condução do grupo, mútuo apoio, simpatias e antipatias individuais vão começar a tornar o que antes era um grupo eufórico e crente de que sempre se amariam em um grupo onde as pessoas passam a se estranhar. É o fim da lua de mel - um tempo de afiar garras, conhecer as armas, feridas e armadilhas dos outros.

Nesse ponto, muita gente desanima e pensa que tem vocação para ser solitário. Bem, meu conselho é que vcs, nessas fases de primeiros conflitos, não desistam, se não farão sua vida na bruxaria virar uma romaria por diversos círculos, todos se desintegrando rapidamente. Quem tenta formar um grupo para praticar wicca deve ter a sua frente um aviso em neon piscando"Não desistirei mesmo que haja dificuldades com o Circulo". Creiam em mim, esse é um valioso conselho...

Se um Círculo tem como meta se tornar um dia um Coven, ele precisa ter presente que deverá se criar em seu seio uma atmosfera de completa sinceridade, aceitação e compaixão. Entendam: compaixão não é pena, é a capacidade de colocar-se no lugar do outro e compreender seus motivos e modos de agir, sinceramente, sem julgamento , mas com acolhimento. Somente quando um grupo aprende a agir assim com todos os seus membros, e todas as questões são respeitadas, as feridas curadas ou minimizadas, as diferenças individuais vistas não como problemas, mas como uma rica diversidade, é que começamos a ver nascer no Círculo o espírito que o transformará, em alguns anos, em um Coven.

É preciso que compreendamos: um Círculo leva anos - o bom senso e a experiência nos dizem, no mínimo 3 ou 4 anos - para se tornar um Coven.

Nunca idealize um Coven. Não imagine que comungar vidas significa que nunca temos problemas nem desentendimentos entre nossos membros. Um@ boa brux@ é , antes de tudo, profundamente humana, e vive suas paixões intensamente. Imagine juntar treze brux@s em um Coven e achar que el@s nunca se desentendem! Seria impossível. Mas o que ocorre em um Coven é que os problemas são de todos, ninguém nunca está sozinho, e se alguém erra, os demais apontam e tentamos resolver as coisas juntos. Aquele que erra, se compromete a baixar a bola de sua mágoa e raiva quando outro aponta o erro, aquele que aponta nunca o faz se não for para o bem do outro e seu crescimento no Caminho. Por isso, um Coven cria laços de amor profundo, tão íntimos e tão preciosos que são maiores que os laços de parentesco e que qualquer outra relação social conhecida. Em um coven, as pessoas não se "toleram", elas se conhecem de verdade e se aceitam como são.

Um coven é mais que uma família, é um refúgio, um lugar de encontrar seus iguais, seus cúmplices, fãs ardorosos mas também juízes severos e interessados no seu aperfeiçoamento como ser humano e Sacerdote ou Sacerdotisa dos Antigos. Um Coven é a união que podemos ofertar aos Deuses como expressão de nosso crescimento, amor e plenitude em conjunto.

Não tenham pressa de ter um Coven, não sejam enganados pelos falsos iniciadores, não se deixem levar pela pressa e o desejo de "virar bruxos" depressa. Não tirem de vcs mesmos a beleza e a doçura de um dia pertencerem a um Coven de verdade.

Blessed Be!
Mavesper Cy Ceridwen

Como contar à sua família que você é um(a) bruxo(a)?



Um dos momentos mais difíceis na vida de qualquer pagão adolescente é contar aos pais sobre a sua opção religiosa. A não ser que você tenha o privilégio de nascer em uma família pagã, os problemas uma hora ou outra começam a aparecer.

Este texto tem como função dar dicas para quem tem dificuldades em lidar com essa situação. Ouço muitas pessoas dizerem “minha mãe é evangélica e jamais me aceitaria como bruxa” ou então “minha mãe jogou fora todos os meus livros de bruxaria”, e assim por diante. Já passou por isso ou tem medo de passar? Continue lendo!



O fato é que este texto pode parecer inútil para muitos sacerdotes ou sacerdotisas veteranos na Arte. É verdade: temos muitos problemas com adolescentes que literalmente brincam com a Bruxaria e acham que é a religião deles para sempre. O mais triste é que a maioria nem sabe que a Wicca, por exemplo, é uma religião. Se bem que isso tem mudado um pouco ultimamente, com a exposição maior.

É claro que entre os adolescentes há aqueles que realmente estão interessados em um aperfeiçoamento interior, mas convenhamos: a maioria não está. Então, pense bem antes de sair por aí se dizendo bruxa ou bruxo! Não precisa sair alarmando. Se o fizer, sua credibilidade tem grandes chances de ir por água abaixo rapidamente.

Alguns conselhos básicos
Se você tem entre 11 e 17 anos, espere pelo menos três anos para contar a alguém que você se decidiu pelo Paganismo. Não, eu não estou brincando. Você pode achar que a Wicca é a coisa mais perfeita que você já encontrou e que não há dúvidas de esta ser a sua religião. No entanto, você pode pensar diferente amanhã. Isso não é uma estimativa, é uma possibilidade real. Você não sabe o que estará pensando daqui a três anos e sua cabeça pode mudar completamente. Assim, se a sua vontade de ser bruxa for realmente muito grande, e não uma empolgação passageira, você não terá problemas em esperar. Enquanto isso, você pode acessar sites sobre o assunto, entrar em listas de discussão e chats. Se seus pais são mais liberais, você poderá até mesmo comprar livros e deixá-los no seu quarto numa boa.

Comprando livros
É claro que o estudo e a leitura de livros importantes é essencial, mas não vou ignorar a realidade da maioria dos jovens. Quem tem entre 11 e 17 anos geralmente não trabalha e o dinheiro que tem é da mesada. Se você quiser gastar sua mesada em livros, voilá! Isso pode lhe dar uma boa indicação do quanto a Bruxaria é importante ou não para você. Mas tome cuidado. Muitos pais são intolerantes, todos sabemos disso. Não é por mal: eles querem o nosso bem. Mas, como muitas pessoas, temem o desconhecido. Se você achar que, explicando sobre a religião, eles entenderão, então o faça. Porém, se você achar que não deve, pra que se complicar? Dê tempo ao tempo: se você mostrar, aos poucos, que a Wicca é uma religião como qualquer outra, você não terá problemas.

Uma palavra sobre “contar aos pais”
Gostaria de deixar bem claro aqui que não estou fazendo apologia à mentira de forma alguma. O ideal, obviamente, é ter uma boa conversa com seus pais sobre a Wicca ou a Bruxaria, sendo sincero com relação à sua opção religiosa. Não discuta. Não brigue. Sei como é quando alguém vem criticando a Bruxaria, fruto daquela visão deturpada que a maioria das pessoas têm por não conhecer mesmo. Tente se controlar. Quanto mais você se alterar, mais aparente ficará para os seus pais que a sua religião não é séria. Veja a seguir um modelo de carta que você pode imprimir e mostrar para os seus pais (texto retirado do site da Abrawicca).

“Carta aos pais,

Sei que vocês devem estar assustados com essa tal Wicca, e desejam o melhor para seus filhos, aliás como todos nós que somos pais e mães. É compreensível que vocês desejem que seus filhos sigam a mesma orientação religiosa que vocês, porque todos desejamos que os filhos sejam nosso espelho. Mas nossos filhos não são nossos, não nos pertencem: vocês terão que aceitar a escolha pagã de seus filhos, como eu mesma, Sacerdotisa pagã, terei que aceitar se minha filha resolver se tornar cristã… Saibam que enquanto seus filhos estiverem seguindo os princípios da wicca, não realizarão nada de “mau” por seus padrões, porque nossa noção de responsabilidade pessoal e conduta é muitas vezes mais exigente que a de vocês mesmos e sua religião.

Aos pais não pagãos de jovens pagãos eu desejo a tranqüilidade de poderem verificar em seu filho as mudanças provocadas pela Wicca (obviamente se eles estiverem seguindo preceitos de wiccanianos sérios). Sei que o comportamento de seus filhos melhorará sensivelmente, se eles forem dedicados wiccanianos, da média do comportamento de outros jovens não pagãos. Se eles estiverem praticando nossos preceitos, estarão exercitando o auto-conhecimento, a auto-transformação para alcançar o equilíbrio, estarão tratando as pessoas com mais compaixão e serão muito mais equilibrados e serenos do que a média dos outros jovens da mesma idade. Vejam, dêem tempo ao tempo: a Wicca não fará mal algum a seus filhos, se essa é a escolha sincera de seus corações.”

Como agir diante do preconceito dos pais
Coloco aqui outro trecho retirado do site da Abrawicca:

“Compreendam que até a maioridade seus pais são responsáveis por vocês e têm até mesmo do direito de tirar-lhes os livros de Wicca e os objetos rituais. Não vejam isso com ódio, vejam como uma prova a passar em sua busca do Caminho dos Antigos, porque é isso realmente o que é. Se vocês estão passando por isso, mas ouviram o chamado da Deusa, ela cantará tão alto em seus corações que nenhuma violência, nem nenhuma privação ou castigo a fará calar. Por isso, mesmo que tempos difíceis se apresentem tenham certeza de uma coisa: um dia, seus pais compreenderão vocês e mudarão de atitude. Basta que a vontade de vocês seja sincera, seja real. E se for, nada tirará vocês do Caminho.”

É um conselho bastante inspirador, mas difícil de seguir. É difícil ter paciência quando sofremos algo injusto. Porém, é a única solução. Travar uma verdadeira guerra com seus familiares foge aos preceitos pagãos e não vai lhe fazer nada bem. Pelo contrário, pode piorar ainda mais a sua situação. Segue o resto do texto:

“Compreendam que os atos de seus pais não são - mesmo que vocês os percebam assim, - uma agressão a vocês. São atos de amor: eles querem o melhor para vocês e , talvez, precisem de algum tempo até perceberem que o que eles chamam de melhor talvez seja diferente para vocês. Mas um dia, com o amor que eles têm por vocês, eles não ficarão cegos às suas escolhas.

Lembre-se: você é o maior responsável pelo que seus pais saberão do caminho pagão. Saiba responder as questões deles, faça com que eles se informem, se possível. Seu comportamento é um cartão de visitas de sua religião: seja um wiccaniano de verdade, lute pelo seu aperfeiçoamento todos os dias, compreenda as outras pessoas, não seja preconceituoso , não agrida sem motivo, NUNCA faça de sua religião uma arma contra ninguém.

Não deixe que a Wicca seja um argumento que disfarce outros tipos de problemas, como a disputa entre irmãos ou a briga entre pais separados, onde esse pode ser um argumento de que “o outro” está criando o filho errado. Se você estiver em uma situação dessas, nunca deixe a wicca ser argumento para começar brigas e disputas.

Ame os Deuses e celebre os ciclos da Lua e a Roda do Ano como você puder. Ninguém é dono de seus pensamentos, nem de sua alma. Você é livre!”

(Fonte: Bruxaria.net)



Criei este blog com a intenção de ajudar a outros, que, assim como eu, anseiam por algo que não conhecem, escutam o chamado, e mesmo sem saber como, precisam fazer algo a respeito…e também para ajudar aos que buscam uma palavra de carinho, ou mesmo uma singela ajuda espiritual para enfrentar seus problemas.

Tenho o objetivo de compartilhar com meus amigos e leitores os meus estudos,pesquisas e o que leio sobre assuntos relacionados a Grande Arte.

Eu não compartilho nada em que não acredite…coleto os textos de fontes que considero seguras e verdadeiras e repasso a vocês com os créditos para que tenham a liberdade de procurar e saber mais sobre o autor. Procuro sempre colocar os créditos abaixo das postagens, se acaso esquecer alguma, por favor, avisem-me que colocarei imediatamente.

Espero que possamos caminhar juntos,rumo à Luz e a Sabedoria!Grandes bênçãos a você, amigo visitante!

Boa Viagem!


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"O aprendiz que você é hoje antevê o mestre que você vai ser. Conhecimento só é poder quando passado para frente. A sabedoria é poder para O OUTRO. Se você é um aprendiz, mas se recusa a ser um mestre, seu aprendizado foi estéril, inútil e provavelmente irreal. Quem aprende DE VERDADE passa o conhecimento para frente."